Na imagem refletida no espelho não era eu que via, era uma estranha da qual eu não me lembrava nem conhecia! Eu via o sofrimento nos meus olhos, eram as minhas roupas, mas elas não serviam, notei que estavam todas largas, havia dias que eu não comia. Vivia de magoas de dor, ódio, sofrimento e até mesmo agonia. Minha pele esta enrugada, meu cabelo fino e tão grisalho, o que fez o tempo? Eu estava envelhecendo, ou estava mesmo sofrendo? E sofrendo tanto de quê? Por quê? Por quem? Já tinha marcas, as feridas estavam cicatrizadas, mas ainda doía, o vento soprava, e o meu peito cantava, ali havia um buraco onde o vento passava e me fazia cantar... Não tinha coração, não tinha nada! Vai ver que era pobre, e nada valioso, eu não queria lutar para obter um coração, e ocupar aquele lugar, por onde o vento gostava de passar e lembrar que era feita de nada... De pó talvez tivesse sido feita, eu era ainda uma menina, mas em uma cabeça tão velha e um coração tão amargurado, em mim sentia cheiro de mofo, gosto de café, eu estava morrendo e não sabia.
Mayara Silva
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